Ela sente-se incapaz de ver a vida… Sente-se incapaz de rever a beleza e a maravilha de estar presente neste mundo… Pergunta-me com uma incerteza incaracterizável o porquê da sua presença naquele espaço húmido, calmo, sereno. E aí sinto-me perdida e sem capacidade de raciocinar e caracterizar, igualmente, a minha presença no mundo.
Oiço vezes sem conta “Quem somos nós neste mundo?”, e sigo em frente com o meu pensamento, sem me questionar acerca do assunto. Agora, rebaixada ao nível da minha mente, pergunto-me se sou menos, tanto ou mais que aquela rocha que se encontra naquele ambiente de calma e serenidade, de amor e carinho, de pensamento e aglutinação de sensações e momentos.
Quem somos nós, afinal? Nascemos sem escolher e vivemos de uma maneira que por vezes não é a escolhida… Submetemo-nos às nossas capacidades momentâneas e vivemos na ânsia de ser como aquela pessoa que parece tão feliz. Mas… pode a aparência não corresponder à realidade, e talvez a pintura feita por nós não seja a pintura exacta e fiável. Quem somos nós neste mundo? Somos incapazes de seguir o caminho de cem por cento de eficácia em todos os desejos contidos no nosso coração e nos nossos sonhos. Quem somos nós? Espectadores, rochas no cimo de um monte, que observam a paisagem quando estão submetidas à imaginação de cada um. Somos aquilo que nem sempre escolhemos ser, somos aquilo que nos rodeia sem nos apercebermos, somos a realidade crua e definida… Nem sabemos se estaremos aqui dentro de uma hora! E queremos nós tanto uma agenda… Para quê? Não podemos agendar os obstáculos e os inconvenientes, eles fazem questão de aparecer sem contarmos… Entram na nossa vida a qualquer momento e de modo algum lhes podemos dizer que não podem aparecer naquela altura, porque temos algo marcado…
Fazemos tanta questão de pensar sobre as nossas atitudes. Mas para quê? Por vezes nem vale a pena… Pensar a longo tempo, com que objectivo? Revoltarmo-nos porque seguimos um caminho errado, para nos martirizarmos? Deixarmos de fazer isto ou aquilo com medo do futuro, com medo da visão das outras pessoas? E a nossa felicidade? Para permanecer com uma mágoa, se tal tiver de acontecer, ao menos que seja por algo que se fez, e não por algo que não se foi capaz de fazer… ou por medo, ou por dúvida, ou por raciocinar de mais, ou por tentativa de ser a pessoa que nos diz para não fazer aquilo que queremos fazer…
Mas quem somos nós, afinal? Temos de ser alguma coisa! Não podemos ser nada ou ninguém… Por isso respiramos e por isso temos a capacidade de ir até ali, até além, ate ao horizonte, até ao Olimpo, até ao oásis, ate à lua e até bem dentro de nós…que é a maior distância a percorrer! Só depois desta distância percorrida deixamos de ser o nada, só aqui somos alguém capaz de mover mundos e fundos, terra e mar, homens e pedras, montanhas e planícies, maravilhas e tristezas, vitórias e derrotas, amor e ódio, carinho e repugnância. Aí vemos a luz ao fundo do túnel, a moeda ao fundo do buraco, a maturidade no pensamento e na mentalidade.
E agora… Quem somos nós, afinal? Almas capazes de controlar por momentos as nossas vidas… Almas que vivem um dia de cada vez, almas que amam quem as rodeiam… almas que esperam pela felicidade, sentadas numa bancada…
Afinal de contas, nem depois de tudo isto deixamos de ser APENAS… espectadores e esperamos pelo espectáculo, pelo desenrolar da nossa vida…
Meros espectadores? Nada disso. Somos realizadores, produtores, guionistas, actores do filme que é a nossa vida. Somos o que queremos ser. E se formos um pouco melhores, podes não ter nada no final, mas terás a certeza de ter sido melhor.
ResponderExcluirConcordo com as duas, pois se, por vezes, somos meros espectadores e não conseguimos interferir no rumo da nossa vida, muitas são aquelas situações em que podemos escolher o desenrolar da história. Aqui, o problema é que o medo de falhar impede-nos de o fazermos, e é bem mais fácil considerarmos que somos apenas espectadores da nossa própria vida...
ResponderExcluir