domingo, 3 de outubro de 2010

Como ele é agora eu sei... Como será amanhã? Isso depende...

 
Encontrava-me sentada, na sala, com a persiana para cima, com vista para a rua… Estava um dia chuvoso, melancólico, triste… com umas nuvens que ameaçavam cada vez mais… tal como o mundo se transforma para muita gente: uma ameaça, um mau estar. Tinha o livro de matemática à frente e, de repente, desviei o olhar para fora… há tanta coisa que nos passa ao lado sem querer, tanta dor, tanta infelicidade, tanta angústia e desespero… e às vezes preocupamo-nos com coisinhas de nada, com uma minúcia incaracterizável.
Que acharão os que estão presos, inocentemente, das suas vidas? O que acharão os pais que não têm comida para alimentar os seus filhotes? O que acharão, do mundo, os que não vivem sem uma dependência fatal? E aqueles filhos que não podem chatear os pais com os seus problemas, porque pura e simplesmente não os têm? O que pensarão os velhotes sem família, na altura do Natal, onde a maior parte das pessoas o passa com os mais chegados? Qual será a ideia daqueles que querem estudar e não podem porque a vida é injusta e não lhes proporciona momentos de cadência? Qual será a idealização do mercado de trabalho para quem precisa de o ter e não há maneira de o arranjar? E qual a definição de justiça/injustiça daqueles que desde jovens ficam tetraplégicos, por terem um segundo mal traçado?
E preocupamo-nos nós porque temos constantemente pessoas a dar-nos opiniões? E preocupamo-nos nós porque temos muito que estudar ou trabalhar? E chateamo-nos nós porque nos faltou a água quente para tomar banho? Já chega, não? Porque não se pensa mais nos outros em vez de se ser egocêntrico?
O individualismo exacerbado não leva ninguém de encontro à paz interior… para quê praticá-lo?
A vida pode ser muito melhor desde que nós a façamos desse modo… a vida pode reflectir em nós momentos de felicidade, de amor, de alegria, de exultação, de bem-querer, de afecto, de maravilha envolvida no ar que levamos ao nosso interior… desde que sejamos aquilo que gostaríamos que fossem para nós!!! Desde que fossemos totalmente compatíveis com a harmonia estabilizadora da nossa imaginação e do nosso querer.
De repente tornou-se uma noite chuvosa, melancólica, triste… quando é que vou poder olhar para a rua e dizer: melhorou! Efectivamente, melhorou! Quando é que vou poder estar aqui, neste lugar, sentada, e alguém se aproximar de mim, entregando-me um jornal especial, onde vou poder observar a letras gordas: “TAXA DE DESEMPREGO DIMINUIU”; “TAXA DE MENDIGOS TORNA-SE CADA VEZ MAIS BAIXA”; “ORRFANATOS COM CADA VEZ MENOS CRIANÇAS”; “A JUSTIÇA FAZ-SE EM PORTUGAL”… Quando vai poder isto acontecer? Espero ainda me poder sentar sem a ajuda de alguém…
Vamos, por favor, melhorar isto? Vamos, por favor, por mais que custe, poder olhar para um dia como o de hoje, e senti-lo agradável, justo, humilde, nosso… simplesmente nosso, tal como queremos que seja a vida…nossa e perfeita… 

Um comentário:

  1. Quem me dera que o nosso Primeiro pensasse como tu!!! E se um dia te candidatares ao lugar dele eu sou a primeira a dar a cara na campanha! Loool
    De facto, era muito bom que assim fosse, mas o mundo está podre e as pessoas cada vez mais individualistas, dando só importância às conveniências e àquilo que por ventua poderá ser benéfico para elas mesmas. A amizade, a moralidade, a solidariedade, a tolerência, a educação, vão ser principios que vão deixar de existir para dar lugar à hipócrisia, à falsidade, ao mau carácter e isto tudo incomóda-me imenso...

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