domingo, 22 de abril de 2012

Caminhos Cruzados

“Despacha-te! Depois não tenho tempo para ver nada de jeito!” “Calma… Mas se tens assim tanta pressa, vai sozinha!” “Deixa-te de coisas e despacha-te!” “Mas, realmente, tenho tanto para fazer… Podias ir sem mim… Era um favor que me fazias…” “Não adianta… Despacha-te, mas é!”
Por vezes, uma atitude tem tanto significado… Não nos apercebemos daquilo que um simples passo pode significar numa vida, em duas vidas… Respiramos, andamos, corremos, fechamos uma porta, dirigimo-nos para a direita, ignoramos o lado oposto, paramos por uns minutos, seguimos impreterivelmente em frente, ficamos em casa, saímos, sem pensar no que aquela simples atitude pode fazer com um ser.
“Vamos lá então! Estou pronta…”
Saíram de casa e dirigiram-se à maior sapataria que conheciam e à qual já não iam há imenso tempo. Ela precisava mesmo de comprar aqueles sapatos maravilhosos.
“Não os estou a encontrar! E agora?”
E quando estamos em dúvida em tomar uma ou outra atitude e, depois de tomar a atitude escolhida, pensamos: “Ainda bem que o fiz!”? E quando, sem mais nada, nos levantamos do sofá, pegamos na chave de casa, abrimos a porta, saímos, fechamos a porta com força superior àquela exercida aquando da sua abertura, e vamos até aquele lugar mais reconfortante? E quando, sem nos apercebemos, estamos a modelar aquilo a que chamamos, destemidamente, de destino?
“Eu disse que devíamos vir mais cedo! E agora? Eu tenho de os encontrar!”
Dirigimo-nos àquele lugar tranquilizante e parece que temos uma lufada de ar fresco… Parece que aquilo que, frequentemente, chamamos de alma rejuvenesce!
“Espera, eu vou procura-los ali ao fundo… Ou vou perguntar… Espera.”
“Desculpe…” E, de repente, o mundo cai! Tudo parece deixar de fazer sentido… As palavras ficam-se pela intenção e, de repente, dá por si a corar, inevitavelmente.”
“Tu?”
E quando encontramos alguém que não vemos há anos? E quando encontramos alguém que fez mais estragos que maravilhas? E quando encontramos alguém que muito significou na nossa vida?
“Em que posso ajudar-te?” Ela pensa: “já não me podes ajudar em nada! Agradecia que nunca tivesses tentado fazê-lo… Se assim fosse, neste momento estaria muito melhor.” Em vez disso, abre a boca e diz: “Em nada… Obrigada!”
Ele quer dizer-lhe para esperar mas, em vez disso, continua a tarefa interrompida por aquela que sempre foi… por aquela que sempre foi a mulher da sua vida…
“Encontraste?” “Sim, encontrei aquela que foi a minha maior desilusão! Por favor, vamos…”
Caminhos cruzados e… destraçados! 


Um comentário:

  1. C'est la vie. Não duma maneira irónica mas antes de uma maneira realista. Essas situações passam a vida a acontecer. Homens/Mulheres da vida?Não acredito nisso. Já acreditei piamente, mas o passar do tempo fez-me desacreditar nisso. Acho que é mais uma figura mítica do que outra coisa qualquer. Caminhos cruzam-se, descruzam-se sobrepõe-se,aproximam-se, afastam-se...o que é preciso é tentar encontrar um caminho próprio dos bons. É mais importante mesmo encontrar é uns sapatos confortáveis. Porque passar horas com os pés apertados e doridos não são linhas desencontradas, é verdadeiramente como um comboio a descarrilar!

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