sábado, 31 de março de 2012

Um Adeus...

Sabem aqueles momentos em que o peito não se enche de ar? Aqueles dias em que queremos abrir os olhos e não conseguimos? Aqueles segundos em que queremos mover um membro e não temos força para tal? Aquele instante em que queremos estar em silêncio profundo e aquele ruidinho nos distrai daquele que seria um momento de distração?
Sabem quando sentimos necessidade de esquecer tudo à volta e centralizar a atenção no nada? Quando olhamos o sofá e apenas nos apetece tirar tudo o que sobre ele está e estendermo-nos por completo? E quando queremos apenas sentir que a felicidade está próxima?
Porque há momentos em que tudo parece fazer sentido, ao contrário daqueles em que a vida parece um puzzle com milionésimas peças… Ao contrário daqueles momentos em que nos sentimos perdidos sobre tantas e numerosas estruturas idênticas!
Hoje, ela atrasou-se. Atrasou, não por culpa própria, mas porque dependia de terceiros.
O sol brilhava, o calor apertava, os pensamentos surgiam fluentemente e ela pensava em tudo, menos naquilo que, naquele momento, efectivamente, deveria de contar. Subitamente, esquece todas as responsabilidades que tem, naquele dia, apanha o metro e dirige-se ao local onde mais calma se sentia… Dirige-se àquela praia que a tranquiliza e começa a imaginar os momentos que por lá passava, acompanhada… Recorda os abraços que ele lhe dava… Recorda os momentos felizes, empolgantes, comoventes, agitados e, simultaneamente, calmos e serenos. Recorda tudo o que a fazia feliz e tudo o quanto a rodeava quando tudo, sem sombra para dúvidas, parecia correr bem.
Sente a areia que, em tempos, rodeava o corpo deles… Sente no rosto aquela brisa refrescante… Sente aquele ambiente maravilhoso… Sente a sua presença… Mas não, não podia ceder!
Da mesma forma que decide dirigir-se àquele local, decide abandoná-lo. Levanta-se, roda o corpo e dirige-se à berma junto à praia.
“Por aqui?”
Nesse instante, o coração parecia parar, os pulmões pareciam esvaziar-se… Mas nem uma palavra… Nem um sopro…
“Espera! Muita coisa ficou por dizer!”
O nervosismo, a ansiedade, a dicotomia de sentimentos fá-la correr para a outra berma!
“Não te deixo ir sem que te justifiques!”
E, em forma de desabafo, desune os lábios e discursa fluentemente: “Preciso voar! E quem diz voar, diz nadar, diz caminhar, diz correr, diz divagar, diz desaparecer e aparecer num ápice, diz morrer e ressuscitar, diz dormir e acordar, diz sorrir e chorar… Preciso olhar! E quem diz olhar, diz cheirar, diz sentir, diz saborear, diz ouvir! Preciso de respirar! Preciso de viver! E contigo? Já não tenho nada disto…”
Um vazio… Um desabafo… Um adeus… Um eterno adeus…



Um comentário:

  1. Há alturas em que é preciso desaparecer de circulação, viajar pelas entranhas. Ir até ao escuro para sonhar tudo novamente e ressurgir para a luz com uma vitalidade nova!

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