Faltam 15 minutos para a porta do
voo fechar.
O autocarro que a levara até ao
aeroporto tinha-se atrasado. Uma avaria no motor do veículo era a única coisa
que ela percebia. E, claro está, ouvia alguns turistas ingleses repetirem
constantemente a palavra delay
(atraso), e estava a ficar aterrorizada com receio de perder aquele voo. Tinha-lhe
custado 145 euros, e ter de comprar outra viagem não fazia mesmo parte dos
planos dela.
Apesar daquela agitação, não conseguia
parar de pensar no quão gostou de conhecer Roma, e de toda a tranquilidade que
sentiu quando estava perante a Fontana di
Trevi. Permaneceu lá umas 2 horas. O calor de Itália fazia-a sentir-se tão
bem como se estivesse em Portugal e os sorrisos que via, constantemente, nos
rostos dos casais apaixonados, fazia-a sentir-se nostálgica mas, simultaneamente,
feliz. Era como se dependesse da felicidade dos outros para, também ela encontrar um patamar de plenitude, calma, serenidade e mesmo felicidade.
De repente, um rapaz aproxima-se
dela: “Excuse me. Can you
take a picture of me?” (Desculpe,
pode tirar-me uma fotografia?). “Of
course!” (claro!), responde ela, num impulso, ao mesmo tempo que,
automaticamente, se levanta daquele degrau. Ela faz disparar o flash, pergunta-lhe o que acha da foto.
Ele diz que está ótima e agradece. Naquele momento, um olhar especial foi
notório. Não foi de paixão, ou de amor à primeira vista, mas foi de sedução. “Um olhar oportunista, talvez”, pensou
ela.
A verdade é que estava a ver os
ponteiros do relógio a passar, estava a ficar preocupada com o atraso do
autocarro, mas aqueles grandes e verdes olhos não lhe saiam da cabeça. “E pronto, fui enfeitiçada na Fontana di
Trevi, por um turista de uma parte qualquer do Mundo… Só a mim!” Era o que
ela pensava, na tentativa de afastar aquele pensamento que teimava em
permanecer.
Finalmente, o autocarro chega.
Corre para o local da revisão das malas, olha o relógio. Faltam pouco mais de 5
minutos para que a porta se feche.
Estavam imensas pessoas à volta do
painel que continha o número das portas, o horário dos voos e o respetivo destino.
A porta para o voo com destino ao Porto ainda não estava no painel e apenas referia
que, em instantes, apareceria tal informação.
Preocupada pela discordância entre
o bilhete que tivera imprimido antes de viajar para Itália, e o painel, decidiu
tranquilizar-se e dirige-se à pessoa mais próxima de si. “Excuse me…” (Desculpe…).
Ele virou-se para ela. Ela calou-se
e, paralelamente, sentiu o seu coração acelerar.
Ambos sorriram.
Depois de recuperar da surpresa de
o encontrar ali, tenta retirar a dúvida, ao explicar-lhe a situação. E termina
dizendo, ao mesmo tempo que sorria, “now it's
my turn to ask you something” (agora é a minha vez de te pedir alguma coisa).
Ele sorri e pergunta: “És portuguesa?”
“És português?!”
Os dois sorriem e ele diz-lhe que
também vai para o Porto.
Olham para o painel. Porta 110.
Ao mesmo tempo que se dirigem para a porta de voo ela diz-lhe: “Depois quero que me mostres a foto fantástica que te tirei.”
Ao mesmo tempo que se dirigem para a porta de voo ela diz-lhe: “Depois quero que me mostres a foto fantástica que te tirei.”
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