Estava uma noite tranquila. As
estrelas sobressaiam no céu negro e completamente limpo. A lua? Essa estava
cheia e com um brilho especialmente notório. A temperatura que se fazia sentir
era mesmo propícia a uma saída de casa, com direção a uma esplanada com vista
privilegiada para o mar. Sentir a brisa no rosto, sentir a brisa na pele,
sentir a liberdade, sentir aquela noite, mesmo que o tivesse de fazer sozinha.
Já sentiram
uma espécie de vontade dicotómica? Aquele sentimento de que “devia mesmo sair…
devia aproveitar este maravilhoso tempo” e, por outro lado, “ai, quero tanto
ficar em casa, no meu sofá, a fazer zapping
até achar o filme perfeito para mim, neste preciso momento…”.
De
repente, decide deitar-se no sofá. Não estava com paciência para se arranjar;
não sentia força nem para puxar uma almofada, de forma a sentir-se mais confortável,
naquele sofá que daria muito bem para mais uma pessoa.
Dá
por si a chegar ao canal 80, sem se aperceber que tinha passado pelos canais da
Lusomundo, onde normalmente encontrava algo que a prendia ao ecrã. Afinal,
tinha passado praticamente todos os canais que a interessavam e nem se tinha
apercebido de tal facto!
Repentina e decididamente,
levanta-se do sofá, apaga a televisão, acende o rádio, aumenta o volume e encontra
forças para se arranjar. Olha-se ao espelho, agrada-lhe minimamente o que vê.
Troca a imensidão de coisas que tem na bolsa que usara naquele dia para uma
outra que condizia melhor com a roupa que decidira usar, para aquela ocasião.
Fechou a porta e decidiu caminhar
pelo passeio paralelo à praia, na expectativa de chegar àquele café onde,
outrora, tinha encontrado aquele que achava ser o homem da sua vida. Depois de
andar cerca de 2 km, olhou aquela cadeira… A mesma cadeira onde ele lhe fez o
pedido que mais a embaraçou, na sua vida… A mesma cadeira que a fez sorrir e
chorar, simultaneamente…
Ele estava lá! Novamente, ele
estava sentado naquela cadeira!
Não consegue parar… As pernas
continuam o movimento coordenado que a levara até ali.
Perdeu a oportunidade de estar com
ele… Perdeu a oportunidade de falar, novamente, com ele… Perdeu a oportunidade
de conviver, por breves minutos que fossem, com aquele homem… Mas a imaginação?
Essa ela teve-a até ao momento de chegar a casa, depois de percorrer novamente
os quilómetros que tinha feito até então. Porque a imaginação é capaz de ser o
melhor que temos! Isso, ninguém pode sequer tentar tirar. E ainda bem… Porque
nenhum momento acaba indiferente quando esse mesmo é regado e alimentado o
suficiente.
Naquela noite, a imaginação fez
dela a mulher mais feliz do mundo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário