“Anda! Olha que já se faz tarde!”; “Não te preocupes! Ainda vou a tempo! Tanta pressa!”.
“Querida, tens tudo?”; “Sim! Já tenho tudo direitinho…”.
A vida é feita de regras, de objectivos, de sentimentos que despertam no ser humano uma sensação de insatisfação nos momentos em que não se consegue concretizar o que se tem em mente. É por isso que ela se sente feliz… Apesar do cansaço, da quantidade de trabalho que tem, das dificuldades amorosas por que passa, ela sente-se concretizada, porque faz tudo o que está ao seu alcance para atingir o sucesso!
“Já vamos tarde… Se perderes o autocarro não sei como vai ser!”; “Já disse que ainda chegamos a tempo! Mas bem que podia levar o carro esta semana…”; “Tem juízo filha! Assim é mais seguro… E fico tão mais sossegada…”
Ela é um modelo de pessoa… Pensa sempre nos que a amam em primeiro lugar; Muitas vezes dá-se por ela sentada, à beira do mar, a pensar no quão importante é a sua família… Os seus pais são os pilares, são os sustentáculos… Os exemplos! Descobriu há pouco que o seu futuro noivo está apaixonado por uma outra moça e, mesmo assim, supera a dor, a angústia; Tenta olhar para a vida com um sorriso, tenta ver os pontos positivos da situação (que é, de todo, constrangedora). Está a ultrapassar este obstáculo, depois de tantos que teve de transpor. Mas ela é forte! Ela supera tudo (pelo menos, é o que sempre toda a gente diz; pelo menos, é aquilo em que queremos acreditar…)!
A sua vida profissional está estável (é o que a faz ficar com a auto-estima mais elevada); desejara esta estabilidade há muito e, finalmente, tinha chegado a sua altura … Afinal, quem espera sempre alcança, dizem por aí…
“Pronto, viste como chegamos a tempo? Mas… Tanta gente! Quererão todas estas pessoas ir para Lisboa?”
Ela fez o que sempre fazia quando chegava à garagem dos autocarros: fila, compra do bilhete, nova fila para a entrada do autocarro… Àquela hora partiam sempre dois, uma vez que o número de pessoas a realizar aquela viagem era significativo… Ela foi a última pessoa a entrar no primeiro autocarro! “Que sorte, filha! É que a mala já estava neste autocarro!”; “Ligo-te quando chegar! Já disse que vos adoro?”
A vida consegue ser tão boa e tão má… Tão mágica e tão nefasta… Tão concreta e tão abstracta…
“Estou?”; Fez-se um silêncio… Seguiu-se um processo de assimilação do acontecimento… Este silêncio deu origem a um sentimento que apertava o peito daquela mãe…
“Sinto muito… Mas o primeiro autocarro sofreu um acidente… Sinto muito pela sua filha…”
“Pó, cinza e nada…”
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